Combater o vírus: em bom português
Neste momento, com maior ou menor incidência, o mundo enfrenta um adversário invisível e que se propaga com grande rapidez, se não forem tomadas as devidas precauções.
Exatamente, o novo coronavírus.
As vítimas não são apenas as pessoas, a língua portuguesa também está a ser infetada.
Eu explico: no início deste ano, quando se começou a falar com mais insistência deste problema de saúde, que já ameaçava propagar-se pelo mundo e originar uma nova pandemia, surgiram duas denominações novas no nosso quotidiano: SARS-CoV-2 e COVID-19.
Então, mas como é que estes dois novos elementos estão a infetar a língua portuguesa?
Não foi por falta de distanciamento social, nem por lavarem as mãos em menos de 20 segundos.
Vou dissecar cada um deles para simplificar.
A abreviatura SARS-CoV-2, tal como foi designada internacionalmente, resulta do inglês “Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2” e corresponde à tradução portuguesa de “coronavírus de síndrome respiratória aguda severa 2”, sendo o número 2 resultante da nova mutação do coronavírus.
A denominação COVID-19 resulta da fusão entre duas palavras inglesas, “COronaVIrus Disease”, ou seja, a doença provocada pelo coronavírus.
Aqui, o número 19, corresponde ao ano em que a doença foi identificada, conforme refere a página do site da Organização Mundial de Saúde.
Agora deve estar a pensar, mas afinal onde se verifica a tal infeção da língua portuguesa?
É fácil. Ocorre, com frequência, a confusão entre a (doença) COVID-19 e o coronavírus, atribuindo à doença o artigo masculino, quando a forma correta é “a COVID-19”.
Este erro tem surgido com frequência, tanto nos diferentes órgãos de comunicação social, como em diferentes páginas da internet, ou até mesmo em página institucionais, como mostram os seguintes exemplos:
Agência de Viagens:
Jornal Observador:
Jornal Diário de Notícias:
Jornal Expresso:
Jornal Público:
Rádio TSF:
República Portuguesa:
Bem sei que, neste momento, os jornalistas estão sob uma enorme pressão para informar de forma rápida e deixamos o nosso agradecimento pelo trabalho que têm realizado, mas é fundamental que os textos sejam redigidos corretamente para que também dessa forma “eduquem” os seus leitores, ouvintes e espetadores.
Na indústria da tradução, a pressão dos prazos vs. resultados também faz parte do nosso quotidiano, por isso, interpretem este artigo como uma crítica construtiva, de quem conhece bem essa pressão e que também defende a língua portuguesa.
Antes de finalizar, nunca é demais recomendar:
- Lave corretamente as mãos e com frequência.
- Fique em casa.
- Mantenha a distância social, quando for mesmo necessário sair de casa.
Entretanto, a itechwords continua a funcionar, com toda a normalidade, para que a sua empresa não deixe de comunicar com o mundo.
Não se esqueça: “depois da tempestade vem a bonança”.